sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Eu seria um Baobá

No Clube da Árvore, do Gato e da Poesia, o Baobá provavelmente é o sócio mais antigo.
Se eu fosse uma árvore, com certeza seria um Baobá. Primeiro, porque ele mora na África, continente pelo qual nutro um amor platônico; segundo, porque ele é um pouco torto e solitário, como acredito que seja minha alma, terceiro, porque ele é grande, exatamente como o meu bobo coração. Por último, eu seria um Baobá, porque, assim como ele, tento extrair o que há de melhor nas situações, mesmo que delas não consiga extrair muita coisa. Na secura da savana africana, com suas raízes gigantescas, o Baobá é capaz de capturar mais de 100 litros de água que são armazenados em seu tronco.
O que mais me atrai no Baobá, no entanto, são as lendas em torno dele. Na Costa do Marfim, por exemplo, uma história conta que o Baobá era uma árvore linda e exuberante, mas, por causa de sua beleza, tornou-se orgulhosa demais; então, como castigo, o criador do universo arrancou-a do solo e plantou-a de cabeça para baixo. No Senegal existe a crença de que se um morto for sepultado dentro de um Baobá, que chega a durar 6 mil anos, sua alma irá viver enquanto a planta existir.
Há inúmeras histórias em torno dessa árvore. Em O Pequeno Príncipe, livro de Antoine de Saint-Exupéry, ela foi motivo de preocupação, porque crescia demais e ocupava muito espaço no pequeno planeta do garoto sonhador: "E um baobá, se a gente custa a descobri-lo, nunca mais se livra dele. Atravanca o planeta." Procure lá no capítulo V.
Para encerrar, uma lenda da Zâmbia. Era uma vez um Baobá que serviu de sombra para quatro donzelas virgens e por elas se apaixonou. As moças cresceram e casaram-se. Enciumada, a árvore raptou-as e levou-as para dentro de seu tronco. Até hoje os nativos dizem que as águas das chuvas são lágrimas de donzelas raptadas.
E você? Se fosse uma árvore, qual seria?
Por Mariana Pinto

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

"Eu e Meu Gato"

O título desta postagem foi inspirado na composição homônima da genial Rita Lee no álbum Babilônia de 1978. "Eu e Meu Gato" brinca com situações em que os gatos se colocam ("eu no telhado" ) e com referência ao personagem de "O Gato de Botas" ( "ele sem botas..."). Não sei se a Rita tinha mesmo um bichano ou se "gato"  na letra estava em sentido figurado, mas o meu é real. E tem nome: Clinton.
Clinton veio da rua. Chegou "acabado": cabeça enorme e corpo quase pelado. Uma ferida na perna e muita fome. Faz três anos. Pena que não tenha tirado uma foto para fazer um "antes e depois", só para comparar com esse perfil bonito que ele tem hoje.
Falta explicar-lhe o nome. Quando ele chegou, além da magreza e da feiúra, notei-lhe quatro patas brancas e lembrei-me de que Bill, o ex-presidente americano, teve um gato chamado "Socks". Claro que não iria chamá-lo de "meias", mas o nome do dono pareceu servir bem ao meu gato.


E o seu gato, como ele é?

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A História de Lola

Lola apareceu miando. Foi seu miado intermitente que fez com que procurássemos um gatinho em um terreno vizinho ao de nossa casa em uma noite ao final da primavera. Ali ele não estava. Os miados cessaram e, como era noite, entramos em casa sentindo-nos confusos. Havia mesmo um gato? No dia seguinte, ao sair para o trabalho, interrompi a entrada em meu carro ao ouvir os miados novamente. Dessa vez, no entanto, mais fortes, mais próximos, pareciam vir da garagem. Com tantas histórias de gatos atropelados por seus donos ou gatos descobertos aninhados em rodas, não poderia por o carro em movimento sem descobrir o gatinho, que naquele momento, já tinha presença indubitável. Não o encontrei e saí.

Quando voltei do trabalho naquela tarde mostraram-me o gatinho dentro de uma caixa de transporte. Pequeno e sujo, fora encontrado sobre o protetor de cárter do motor do carro que ficara na garagem. O que se seguiu: levei-o ao veterinário onde foi vermifugado e descobri que era uma gatinha. Voltamos para casa para breve estada. Como o gato de casa estava incomodado com a concorrência, encontramos uma dona maravilhosa para ela que a batizou.